Metal Face - Em primeiro lugar, obrigada por atender ao convite feito para expor um pouco acerca do trabalho da banda a este fanzine.
Marcelo Maciel: Eu é que agradeço, em nome do Sky In Flames, pela oportunidade.
Metal Face - “Sky In flames”, ou “céu em chamas”, um propenso paradoxo de significado e possíveis interpretações bastante interessantes. Existiu um motivo específico para a escolha de tal denominação?
Marcelo Maciel: O nome da banda está diretamente ligado ao que abordam a maioria das letras, o anticristianismo, mas nós procuramos expor isso de uma forma a qual possa ser vista inclusive pelos olhos de um cristão, por exemplo. Sky in Flames, denota uma visão apocalíptica, e como todo mundo sabe, o apocalipse é a descrição do fim do mundo segundo a própria bíblia dos cristãos.
Metal Face - Com relação a estilo, o que se pode esperar? Há influências que transparecem nas produções?
Marcelo Maciel: Somos 5 integrantes, e cada um tem as suas influências, algumas coincidem, outras não, mas de certa forma elas sempre acabam aparecendo nas músicas, seja em qualquer parte, vocais ou instrumentos. No entanto, definir o nosso som baseado em influências eu diria que é bastante difícil, porque pessoas que escutaram pela primeira vez já disseram identificar influências de bandas muito distintas, desde Death até Marduk...
Metal Face - O Sky In Flames já teve algumas mudanças de integrantes, uma, inclusive, bem recente, em que entrou o baixista, Gabriel Geitens. Há reflexos disso no trabalho?
Marcelo Maciel: Sem dúvida, mudanças na formação às vezes são necessárias e acabam refletindo no som da banda sim, felizmente, até agora, todas as mudanças que a banda passou a tornaram mais bem entrosada, e conseqüentemente, nós evoluímos musicalmente, acredito que a entrada do Gabriel tenha o mesmo resultado, porque analisamos vários pontos para colocarmos ele na banda.
Metal Face - Com relação às composições, como se dá o processo? Existe uma temática preferida?
Marcelo Maciel: Como eu havia dito, abordamos principalmente o anticristianismo, isso é feito de muitas formas,seja com metáforas ou com críticas diretas, mas ainda não há uma obrigatoriedade de abordagem. Quanto à parte instrumental, muitas vezes a música nasce nela, o Wagner ou o André apresentam riffs que eles aprontaram, e nós conversamos
sobre qual o sentimento que esta música deve passar, em cima disso eu faço as linhas vocais e letras, a mesma coisa com a
bateria, que o Jéferson constrói sempre pensando no sentimento que a música deve estar passando naquela parte, para que a bateria se encaixe bem com o resto da música, em todos os pontos, todos os membros da banda dão sugestões, então o processo de composição acaba saindo bem com a identidade que todos nós buscamos pro nosso som.
Metal Face - Vocês já possuem duas demos, a Blinded by Hate, que também conta com a faixa Shadows, e a Carnal Putrefaction. Como foram as experiências de gravação?
Marcelo Maciel: Bom, o caso da Blinded by Hate foi algo gravado sob pressão até, porque muita gente escutava o nosso som, mas nunca tinha nenhum material pra comprar, então nós pegamos as músicas que achávamos que estavam melhores na época e gravamos, foi algo meio corrido, e nós não tínhamos grandes experiências com gravação, mas sempre nos fizeram boas críticas a respeito do material. A Carnal Putrefaction, que tem só essa música na demo, foi algo que gravamos totalmente na correria, porque estávamos indo fazer um show em São Paulo e não queríamos chegar lá com um material que não correspondia mais com a formação atual da banda. Nós melhoramos muito desde a Blinded by Hate e queríamos poder mostrar isso para o público. A música foi gravada em duas noites com a ajuda indispensável do Sebastian Carsin, e mesmo com aquele sentimento de “poderia ter ficado melhor” por causa da correria, o resultado final nos agradou bastante e vem agradando pelos lugares aonde nós fazemos shows. Assustou algumas pessoas por ser uma sonoridade diferente da primeira demo, mas acredito que quando elas forem regravadas juntas para o nosso debut, será bem mais fácil de entender que embora diferentes, as músicas têm todas o mesmo espírito.
Metal Face - Sabendo que o meio underground dispõe de um número considerável de bandas e que a grande maioria não teve as oportunidades que vocês, como de tocar no Uruguai, durante a divulgação da demo Blinded by Hate, fale um pouco sobre essa experiência.
Marcelo Maciel: O show que fizemos no Uruguai este ano foi único, em todos os sentidos, tivemos vários problemas que poderiam ter impossibilitado que nós fizéssemos o show, mas no fim isso acabou nos servindo como incentivo para que a gente desse o sangue em cima do palco. Na fronteira com oUruguai, nossos instrumentos foram barrados, tivemos que deixar tudo em um hotel, e chegamos lá de mãos abanando, tocamos com instrumentos emprestados e com uma afinação abaixo da que nós usamos. Certamente só a afinação já seria um problema suficientemente grande para que o show fosse uma merda e, além disso, nós ainda perdemos 4 horas na aduana, tentando levar os instrumentos. No fim das contas, depois de 20 horas dentro de um ônibus, chegamos ao local faltando 20 minutos para o show, o lugar já estava cheio de gente esperando pra entrar, nós passamos meia música e abriram as portas da casa, que por sinal lotou. Em meio a isso, nós cinco tivemos pouco tempo pra conversar antes de o show começar, mas a única coisa que conseguimos realmente concordar é que nós não tínhamos viajado tanto pra desistir de um show, então o fizemos assim mesmo, e a resposta do público não poderia ter sido melhor, talvez por perceberem o esforço que tínhamos feito pelo show, a galera apoiou muito durante o show todo. Sem dúvida, uma experiência única.
Metal Face - E com relação a Carnal Putrefaction, como está sendo a divulgação e o retorno do público?
Marcelo Maciel: A promo Carnal Putrefaction mostra uma banda mais evoluída, isso também se reflete no palco. Nós estamos muito melhor entrosados do que à algum tempo atrás, dessa forma, os shows todos estão trazendo resultados ótimos para a banda. Uhm, muito interessante destacar, é o show que fizemos em São José dos Campos, São Paulo, em que nós levamos demos, vendemos muitas, e no final do show havia muitas pessoas nos cumprimentando e pedindo que assinássemos as demos. É um tipo de reconhecimento muito difícil de se conseguir, então para nós foi muito gratificante.
Metal Face - Existe diferença marcante entre os públicos Gaúcho, Uruguaio e Paulista?
Marcelo Maciel: Existe sim, os uruguaios são completamente insanos; eles não ficam te olhando durante o show, ficam se “matando”, e lá pessoas que escutam de Poison a Gorgoroth andam no mesmo grupo, é um tanto estranho, mas o público de lá tem uma energia incrível. Os paulistas não chegam a ser tão diferentes, só que não andam tão “mesclados” quanto os uruguaios, eles têm uma visão muito boa do underground, e apóiam mesmo as bandas, sem frescura, sem medo ou vergonha de dizer quando curtiram alguma coisa, sem contar que o respeito que eles têm por bandas gaúchas é incrível. Já o nosso público, eu diria que é o mais difícil de se conquistar, possivelmente pelo fato de nós termos muitas bandas de qualidade na região, e também por boa parte do público aqui ser composta por músicos. Nesse caso eu gostaria de destacar o último show que fizemos, na cidade de Pelotas, um público que haviam me passado que era “frio” com as bandas, mas nos mostrou que fria mesmo só era a noite, tocamos a -3ºC e ainda assim tinha uma galera no show apoiando a banda, e quando eu digo apoiando era apoiando mesmo, curtindo o show, não ficando num canto enquanto a gente tocava. Sem dúvida,agradar pessoas em uma situação tão adversa (leia-se frio), e ainda que estão acostumadas a bandas de qualidade, é muito gratificante.
Metal Face - E agora, quais são os planos?
Marcelo Maciel: Atualmente, estamos estudando propostas bem interessantes para tocarmos fora do país novamente, e, para o começo do ano que vem, gravarmos nosso debut. Com ele gravado, aí sim, pretendemos sair por aí mostrando o nosso som pra quem tiver interesse, voltando a lugares aon de fomos tão bem recebidos e passando por lugares aonde nunca ouviram falar na gente.
Metal Face - Para finalizar, agradeço novamente pela atenção e pergunto: como faz aquele que quer conhecer, ouvir ou acompanhar a Sky In Flames?
Marcelo Maciel: Bom, quem tiver interesse, pode acessar a nossa comunidade no Orkut, porque lá tem links pra muito sobre a banda, vídeos, mp3, myspace, fotolog, enfim, tem tudo lá, ou então acessar direto o myspace:
www.myspace.com/skyinflames. Muito obrigado ao Metal Face e a ti, Janice, pelo apoio.
entrevista por:Janice S
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