domingo, 23 de maio de 2010

Sky in Flames

Tendo um bar onde são realizados quase que semanalmente shows do meio underground, acesso a todos os tipos de bandas de todos os cantos do RG, e às vezes de fora. Acontece muitas vezes de não conseguir acompanhar os shows na íntegra, mas sempre pergunto, aos presentes, pareceres acerca do que acompanharam.Assim fiz após o festival Sounds From The Grave, em julho de 2007. Estiveram no palco Decimator (Thrash/POA),Ablaze (Death melódico/ Pel), Postmortem (Death/Pel) e Sky In Flames (Black Death/ Esteio), merecedoras de honrarias por terem realizado apresentações dignas de bons comentários, os quais, acrescento, foram-me feitos por pessoas de alta criticidade. Então, entre elas, para abrir minha participação neste fanzine, escolhi Sky In Flames. Guerreiros de Esteio, estes que já enfrentaram problemas na aduana e, devido a isso, atraso e falta de equipamento, o que não os impediu de realizar show no Uruguai, divulgando sua demo Blinded by Hate; bem como viajaram horas e horas para São Paulo, com o propósito de divulgar sua demo "Carnal Putrefaction”. Eis mais um pouco sobre a banda, através das palavras do vocalista, Marcelo Maciel.



Metal Face - Em primeiro lugar, obrigada por atender ao convite feito para expor um pouco acerca do trabalho da banda a este fanzine.

Marcelo Maciel: Eu é que agradeço, em nome do Sky In Flames, pela oportunidade.



Metal Face - “Sky In flames”, ou “céu em chamas”, um propenso paradoxo de significado e possíveis interpretações bastante interessantes. Existiu um motivo específico para a escolha de tal denominação?

Marcelo Maciel: O nome da banda está diretamente ligado ao que abordam a maioria das letras, o anticristianismo, mas nós procuramos expor isso de uma forma a qual possa ser vista inclusive pelos olhos de um cristão, por exemplo. Sky in Flames, denota uma visão apocalíptica, e como todo mundo sabe, o apocalipse é a descrição do fim do mundo segundo a própria bíblia dos cristãos.



Metal Face - Com relação a estilo, o que se pode esperar? Há influências que transparecem nas produções?

Marcelo Maciel: Somos 5 integrantes, e cada um tem as suas influências, algumas coincidem, outras não, mas de certa forma elas sempre acabam aparecendo nas músicas, seja em qualquer parte, vocais ou instrumentos. No entanto, definir o nosso som baseado em influências eu diria que é bastante difícil, porque pessoas que escutaram pela primeira vez já disseram identificar influências de bandas muito distintas, desde Death até Marduk...


Metal Face - O Sky In Flames já teve algumas mudanças de integrantes, uma, inclusive, bem recente, em que entrou o baixista, Gabriel Geitens. Há reflexos disso no trabalho?

Marcelo Maciel: Sem dúvida, mudanças na formação às vezes são necessárias e acabam refletindo no som da banda sim, felizmente, até agora, todas as mudanças que a banda passou a tornaram mais bem entrosada, e conseqüentemente, nós evoluímos musicalmente, acredito que a entrada do Gabriel tenha o mesmo resultado, porque analisamos vários pontos para colocarmos ele na banda.



Metal Face - Com relação às composições, como se dá o processo? Existe uma temática preferida?

Marcelo Maciel: Como eu havia dito, abordamos principalmente o anticristianismo, isso é feito de muitas formas,seja com metáforas ou com críticas diretas, mas ainda não há uma obrigatoriedade de abordagem. Quanto à parte instrumental, muitas vezes a música nasce nela, o Wagner ou o André apresentam riffs que eles aprontaram, e nós conversamos
sobre qual o sentimento que esta música deve passar, em cima disso eu faço as linhas vocais e letras, a mesma coisa com a
bateria, que o Jéferson constrói sempre pensando no sentimento que a música deve estar passando naquela parte, para que a bateria se encaixe bem com o resto da música, em todos os pontos, todos os membros da banda dão sugestões, então o processo de composição acaba saindo bem com a identidade que todos nós buscamos pro nosso som.



Metal Face - Vocês já possuem duas demos, a Blinded by Hate, que também conta com a faixa Shadows, e a Carnal Putrefaction. Como foram as experiências de gravação?

Marcelo Maciel: Bom, o caso da Blinded by Hate foi algo gravado sob pressão até, porque muita gente escutava o nosso som, mas nunca tinha nenhum material pra comprar, então nós pegamos as músicas que achávamos que estavam melhores na época e gravamos, foi algo meio corrido, e nós não tínhamos grandes experiências com gravação, mas sempre nos fizeram boas críticas a respeito do material. A Carnal Putrefaction, que tem só essa música na demo, foi algo que gravamos totalmente na correria, porque estávamos indo fazer um show em São Paulo e não queríamos chegar lá com um material que não correspondia mais com a formação atual da banda. Nós melhoramos muito desde a Blinded by Hate e queríamos poder mostrar isso para o público. A música foi gravada em duas noites com a ajuda indispensável do Sebastian Carsin, e mesmo com aquele sentimento de “poderia ter ficado melhor” por causa da correria, o resultado final nos agradou bastante e vem agradando pelos lugares aonde nós fazemos shows. Assustou algumas pessoas por ser uma sonoridade diferente da primeira demo, mas acredito que quando elas forem regravadas juntas para o nosso debut, será bem mais fácil de entender que embora diferentes, as músicas têm todas o mesmo espírito.


Metal Face - Sabendo que o meio underground dispõe de um número considerável de bandas e que a grande maioria não teve as oportunidades que vocês, como de tocar no Uruguai, durante a divulgação da demo Blinded by Hate, fale um pouco sobre essa experiência.

Marcelo Maciel: O show que fizemos no Uruguai este ano foi único, em todos os sentidos, tivemos vários problemas que poderiam ter impossibilitado que nós fizéssemos o show, mas no fim isso acabou nos servindo como incentivo para que a gente desse o sangue em cima do palco. Na fronteira com oUruguai, nossos instrumentos foram barrados, tivemos que deixar tudo em um hotel, e chegamos lá de mãos abanando, tocamos com instrumentos emprestados e com uma afinação abaixo da que nós usamos. Certamente só a afinação já seria um problema suficientemente grande para que o show fosse uma merda e, além disso, nós ainda perdemos 4 horas na aduana, tentando levar os instrumentos. No fim das contas, depois de 20 horas dentro de um ônibus, chegamos ao local faltando 20 minutos para o show, o lugar já estava cheio de gente esperando pra entrar, nós passamos meia música e abriram as portas da casa, que por sinal lotou. Em meio a isso, nós cinco tivemos pouco tempo pra conversar antes de o show começar, mas a única coisa que conseguimos realmente concordar é que nós não tínhamos viajado tanto pra desistir de um show, então o fizemos assim mesmo, e a resposta do público não poderia ter sido melhor, talvez por perceberem o esforço que tínhamos feito pelo show, a galera apoiou muito durante o show todo. Sem dúvida, uma experiência única.



Metal Face - E com relação a Carnal Putrefaction, como está sendo a divulgação e o retorno do público?

Marcelo Maciel: A promo Carnal Putrefaction mostra uma banda mais evoluída, isso também se reflete no palco. Nós estamos muito melhor entrosados do que à algum tempo atrás, dessa forma, os shows todos estão trazendo resultados ótimos para a banda. Uhm, muito interessante destacar, é o show que fizemos em São José dos Campos, São Paulo, em que nós levamos demos, vendemos muitas, e no final do show havia muitas pessoas nos cumprimentando e pedindo que assinássemos as demos. É um tipo de reconhecimento muito difícil de se conseguir, então para nós foi muito gratificante.




Metal Face - Existe diferença marcante entre os públicos Gaúcho, Uruguaio e Paulista?

Marcelo Maciel: Existe sim, os uruguaios são completamente insanos; eles não ficam te olhando durante o show, ficam se “matando”, e lá pessoas que escutam de Poison a Gorgoroth andam no mesmo grupo, é um tanto estranho, mas o público de lá tem uma energia incrível. Os paulistas não chegam a ser tão diferentes, só que não andam tão “mesclados” quanto os uruguaios, eles têm uma visão muito boa do underground, e apóiam mesmo as bandas, sem frescura, sem medo ou vergonha de dizer quando curtiram alguma coisa, sem contar que o respeito que eles têm por bandas gaúchas é incrível. Já o nosso público, eu diria que é o mais difícil de se conquistar, possivelmente pelo fato de nós termos muitas bandas de qualidade na região, e também por boa parte do público aqui ser composta por músicos. Nesse caso eu gostaria de destacar o último show que fizemos, na cidade de Pelotas, um público que haviam me passado que era “frio” com as bandas, mas nos mostrou que fria mesmo só era a noite, tocamos a -3ºC e ainda assim tinha uma galera no show apoiando a banda, e quando eu digo apoiando era apoiando mesmo, curtindo o show, não ficando num canto enquanto a gente tocava. Sem dúvida,agradar pessoas em uma situação tão adversa (leia-se frio), e ainda que estão acostumadas a bandas de qualidade, é muito gratificante.




Metal Face - E agora, quais são os planos?

Marcelo Maciel: Atualmente, estamos estudando propostas bem interessantes para tocarmos fora do país novamente, e, para o começo do ano que vem, gravarmos nosso debut. Com ele gravado, aí sim, pretendemos sair por aí mostrando o nosso som pra quem tiver interesse, voltando a lugares aon de fomos tão bem recebidos e passando por lugares aonde nunca ouviram falar na gente.




Metal Face - Para finalizar, agradeço novamente pela atenção e pergunto: como faz aquele que quer conhecer, ouvir ou acompanhar a Sky In Flames?

Marcelo Maciel: Bom, quem tiver interesse, pode acessar a nossa comunidade no Orkut, porque lá tem links pra muito sobre a banda, vídeos, mp3, myspace, fotolog, enfim, tem tudo lá, ou então acessar direto o myspace:

www.myspace.com/skyinflames. Muito obrigado ao Metal Face e a ti, Janice, pelo apoio.



entrevista por:Janice S

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