sexta-feira, 21 de maio de 2010

Paraísos artificiais-Baudelaire


“O grande paraíso de Baudelaire”

Resenha “Paraísos Artificiais” ou “Os Paraísos Artificiais” de Charles Badeulaire.



Badeulaire, homossexual, era uma figura única em seu tempo, e também seria no contexto atual, era um visionário em pleno século XIX, sua obra “Paraísos Artificiais” (1861) é composta de uma forma singular, onde encontramos três partes que compõe sua totalidade, sua dedicatória a amiga desconhecida por nós “J.G.F” (a quem inclusive chega a dedicar “um quadro de volúpias artificiais”, já que a mulher é a “fonte mais comum das volúpias naturais”) abre o caminho para o primeiro texto, titulado “O Poema do Haxixe”, onde descreve as possíveis causas de seu uso, efetua uma classificação de usuários, origens e de forma fiel relata os efeitos da droga utilizando exemplos supostamente verídicos, homem de uma mente ampla, poderíamos esperar qualquer coisa, porém esta obra foi baseada em suas experiências próprias e sua convivência com diversas figuras que compartiam do seu vício no “Club des Hachichins”, situado no Hotel Pimodan, em Paris, local onde residia.

Eu particularmente classifico a esta primeira etapa como um ensaio bastante completo desta especiaria amplamente difundida entre as civilizações. Badeulaire consegue levar-te para dentro da obra e ver os personagens e os acontecimentos de forma espantosa, e o documento poderia haver sido escrito com um fim de estudo ou bem um instrumento de precaução aos curiosos.

Seguindo para a segunda parte encontramos o texto titulado “Um Comedor de Ópio” que é uma tradução e uma análise elaborada por Charles Badeulaire ao texto de Thomas De Quincey, “Confissões de um Comedor de Ópio”, seção um pouco pesada e que nos proporciona momentos de reflexão aos tristes acontecimentos relatados nesta seção.

A terceira parte se encontra como um anexo, e foi precisamente este texto que gerou o livro “Paraísos Artificiais”, se trata de um poema em prosa que foi publicado em 1851 no “Messager d’Àssemblé”, titulado “Do Vinho e do Haxixe”, obra igualmente genial, qual eu não poderia descrever com clareza e qualidade.

Badeulaire ao largo da obra aborda diferentes temáticas, de uma forma bastante singular eu diria, o autor fala dos momentos em que o homem parece ter os sentidos exaltados, o que ele chama de “um estado paradisíaco” se comparado às “pesadas trevas da existência comum e cotidiana”. Acrescenta que desses momentos “deveríamos tirar, se fôssemos sensatos, a certeza de uma existência melhor e a esperança de alcançá-la mediante o exercício cotidiano da nossa vontade”. Segue dizendo que o homem buscou na “ciência física, na farmacologia, nas bebidas mais grosseiras, nos perfumes uma maneira de fugir, mesmo que temporariamente de seu estado natural, que seria lodoso, e atingir as paradisíacas sensações desses momentos imprevistos”. O que para ele comprovava este gosto do homem pelo infinito, a busca incessante pelos belos prazeres;

Deixo a consciência do leitor e a sua livre eleição de buscar esta obra e desvendar seus enigmas.



Obra de Referência: BADEULAIRE, Charles, “Paraísos Artificiais, O haxixe, o ópio e o vinho”, Editora L&PM Pocket, impresso em 2007, POA-RS.

Contatos: marcosmarschalljr@gmail.com
Por Marcos  Marschall Júnior

Nenhum comentário:

Postar um comentário