N.SCHNER-Quando eu entrei como vocalista do Ecce Hommo, a banda já estava com um show marcado. Creio que foram pouco mais de dez ensaios realizados que antecederam nosso primeiro show, que foi realizado na própria cidade de Ponta Grossa. Nós mesmos nos empenhamos com a divulgação, contando com a ajuda de alguns amigos. Nosso plano era o de realizar mais shows pela região, mas o resultado do primeiro Cantus ad Noctum, em questão de público, foi um fracasso. Tivemos um prejuízo enorme e decidimos que não valeria a pena realizar festivais de Black Metal em uma cidade como a nossa, então eu passei a assumir os contatos da banda, à procura de shows. Para que facilitasse ao organizador, nós optamos por gravar uma demo ensaio. Sua qualidade está sofrível, pois foi gravada em um porão usado como depósito para peças de moto, onde o som da bateria cobria tudo. Optamos por realizar ao menos uma gravação ensaio, sem muitos recursos, para que isso facilitasse na procura de novos eventos para participar. E aos poucos fui entrando em contato com organizadores de festivais com bandas de Black Metal no Sul do Brasil. Creio que a ascensão da banda em questão de shows é fruto do nosso empenho. Nós constantemente estamos a enfrentar problemas pessoais. Outro fator importante é que por vezes é complicado conciliar todo o empenho que possuo com o Ecce Hommo, com os nossos outros projetos que são mais conhecidos que o próprio Ecce Hommo.Estou com alguns contatos no Rio Grande do Sul e esperamos em breve podermos tocar em terras gaúchas. Também estamos vendo a possibilidade de realizarmos shows na Argentina.. Aos poucos eu tenho me empenhado à procura de novos festivais para participar, porque o Ecce Hommo não possui uma proposta tão introspectiva quanto o Inmitten des Waldes ou o Valium, sem contar que a nossa formação é ideal para tocar ao vivo.
2)Metal face – E sobre o show que abriram para o Besatt, como foi a experiência? Surgiram contatos de fora ou convites?
N.SCHNER -Com certeza foi uma grande oportunidade para divulgar o nosso trabalho, ter realizado este show com o Besatt. Uma semana antes nós havíamos tocado em Guaramirim, em Santa Catarina, e estávamos sem ensaiar há quase seis meses, devido a problemas pessoais. Quando voltamos para Ponta Grossa depois deste show, passamos seis dias ensaiando pelo menos quatro horas por dia, para recuperarmos nossa forma e realizarmos um grande show em Curitiba, no dia 18 de Maio de 2008. Sem dúvidas o show que fizemos foi muito bom, porque as músicas fluíram com muita naturalidade. Preparamos um visual bastante agressivo, regado a muito sangue.
Para ser sincero, em questão de ter tocado ou não com o Besatt foi indiferente. Eu não ouço Besatt e para ser mais sincero, achei que com exceção do baterista, os demais membros tocaram sem vontade alguma. A postura do vocalista parecia ser o reflexo de um tédio profundo. Ele parecia estar com preguiça de cantar, parecia estar tocando por pura obrigação. E estou certo de que não fui o único a ter esta impressão sobre a banda após o término do festival.
Quando eu procuro festivais para participar com o Ecce Hommo, digo no sentido de festivais com bandas grandes, eu penso mais em uma forma de divulgação do que propriamente a oportunidade de “tocar ao lado de...”. Falo isso porque tanto por mim, quanto pelo guitarrista ou pelo baterista, a possibilidade de tocar ao lado de alguma banda da qual realmente gostamos é difícil. Agradar-nos-ia certamente, no sentido de bandas grandes, tocar ao lado de Gorgoroth, Rotting Christ, Astrofaes e Horna.
Já recebemos convites por duas vezes para tocar na Alemanha, mas por enquanto ainda temos de acertar algumas documentações. Creio que aos poucos, com empenho, estaremos recebendo novos convites e correndo atrás de novas oportunidades para nos apresentarmos, dando vida ao nosso Black Metal euro-sulista executado com muita frieza e agressividade.
Pelo fim, posso dizer que nós nos sentimos orgulhosos por ter tocado no Curitiba in Hell Fest não pelo Besatt, mas pelo Evilwar. O que eles fizeram ao vivo foi inesquecível, algo que eu jamais imaginaria presenciar em um festival de Black Metal. Eles tocaram com um pano negro sobre a bateria, um pano com corvos desenhados ao lado da imagem do baterista que havia cometido suicídio no começo do ano. Foi um show muito forte em questão de sentimentos, afinal tratava-se ali de uma morte, uma perda real. A cada intervalo de músicas o vocalista, um grande amigo meu, entre tragos de cerveja procurava, de forma emocionada, tecer comentários sobre a morte de I. Niger. O fato do Evilwar ter se apresentado com bateria eletrônica certamente é algo de muito respeito, e isto é mais uma prova de que quando se trata de Black Metal, a questão é muito mais sentimental do que propriamente musical. Pela metade do show fizeram eles algo inesperado, pelo menos a meu ver, quando todo o palco escureceu-se. Em seguida enquanto o vocalista e o baixista cuspiam fogo de forma cruzada, um dos guitarristas apanhou um violino branco e tocou uma música bastante melancólica, com simples de chuva que foram deixados ao fundo. Ao fim, emocionado, direcionei-me ao backstage para elogiar toda a determinação que eles tiveram para prestar esta última homenagem ao membro que se fora, contando-lhes que ao fim eu me sentia extremamente privilegiado por ter tido a oportunidade de presenciar todo aquele espetáculo. Estar à frente de um público para realizar um show em homenagem a um grande amigo que morreu pelas próprias mãos, que por sinal foi o próprio responsável pela vinda do Besatt ao Brasil, é certamente algo de muita força e responsabilidade. O que transbordou de emoções com o Evilwar, secou-se em relação ao Besatt.
Metal Face- Na minha percepção, as bandas de BM daqui do Sul, não generalizando,acrescentam algo a mais á ideologia ocultista, mas o resto do país critica,que seria o ideal de separatismo e regionalismo.
Acha que prejudica o nome da banda em relação ao resto da cena nacional,ou acha que por termos uma história de guerras e imigrações Européias,principalmente germânicas,deveria ser um assunto desbravado nas letras e ser um tema a contribuir para o BM sem se distanciar da origem?
J.HELD- Criticam-nos por nosso ideal de separatismo e regionalismo, mas não nos criticam quando se trata de deixar suas cidades super populosas, com ar poluído e águas podres, para passarem férias aqui, aliviar seu stress, isso quando não vem pra morar aqui,se embebedarem com nosso vinho, e nosso chopp nas nossas festas típicas em comemoração as nossas raízes,aí eles não nos criticam mesmo e quer saber por quê? porquê aqui estarão eles como animais se aproveitando de tudo que puderem,e nós sabemos que não para por ai,isso é uma ínfima parte da questão.
Não criticam pelo nosso ideal de separatismo e regionalismo por termos orgulho de algo que está realmente no nosso sangue,e nós sabemos bem que são poucas bandas daqui(do Sul)dentro dessas toneladas que abarrotam cada vez mais a cena, que seguem esse ideais,e pode ter certeza que não há o mínimo de intuito de minha parte de convencer ou converter,ou seja la que termo queira usar,qualquer outra banda que não possui tais ideais,a aderir a esse 'movimento',sob o risco de se tornar uma hebefrenia,como se tornou o BM satânico, porque todos sabem que torna qualquer Clan forte,é a qualidade dos que se dispõem a lutar por ele e não a quantidade dos mesmos.
E de qualquer forma,trato disso na música,porque é isso que eu sei fazer,tocar,porque certamente se eu fosse escritor,pintor,mudaria apenas a forma de me expressar.
É engraçado como não criticam quando uma banda vinda 'lá de cima' coloca os pés nas nossas terras se intitulando VIKING METAL mas que na realidade não passa de uma GRANDE PALHAÇADA
e de um insulto ao PANTEÃO INDO-EUROPEU do qual descendemos.A exemplo disso é conferir uma das bandas que tocou no último BM pride.
Mas se a banda (daqui)quiser altanar a sua efígie como uma das celebridades nacionais queridinhas da cena e da midia,tem que adotar o velho fenótipo que acima de tudo os identifica como o 'metaleirão brasileirão'que bebe cerveja vendo futebol na tv e acha que o maldito Che Guevara foi um herói.
E se exaltar nossos antepassados como fazemos em nossa música contribui ou não para o BM ou para cena de uma forma geral ,isso me é indiferente,e se por esse desígnio isso acaba por nos afastar do que todos chamam de 'TRUE BM',então digamos que a música que eu faço é uma forma elevada de tocar.
'Ut cum dignitate potius cadamus quam cum ignominia serviamus'.
Metal Face-A tematica da banda é basicamente o pensamento filosófico de Nietzsche(como sugere o nome da banda, Eis o homem)e Schoppenhauer,de negação á crença religiosa e divindades sagradas.de quem surgiu a ideia de fundir esse pensamento á música?
J.HELD- As três primeiras músicas que eu compus para o E.H,seguiram sob o conceito de Bruxaria,transcendência material,inexplicável e não volátil para rélis mortais não iniciados.
Escrevemos bebendo dessa fonte por você citada,ainda que essa temática não seja nenhuma regra.Porque meu autoconhecimento,de forma alguma,é o acumulativo de exterioridades mundanas,ainda que tais conceitos adornados de atrativos se tornem interessantes.Essa ligação de fundir o pensamento á musica foi algo que aconteceu naturalmente.
5)Metal Face- Vocês tem outros projetos,quais são os temas abordados?
J.HELD- Existem outros projetos,são eles:
INMITTEN DES WALDES- teve inicio em ´04,é um BM melancólico, com influencias calçadas em boas bandas alemãs de BM,neste procuramos exaltar o orgulho que temos do sangue que corre em nossas veias,ouvindo a voz nele existente,trazendo a eterna ligação com nosso Panteão Indo-Europeu,de guerreiros desbravadores,assassinos pela simples lei da sobrevivência do mais forte,onde a palavra de um Homem ainda era sua maior credibilidade.
Nossa musica transcende a épocas remotas em que havia um orgulho em ser realmente parte da terra que se vivia,
terra que lhes dava de tudo sem cobrar nada além de respeito,que nada mais era que o respeito a si próprios.
Com nossa musica,escapamos desse mundo moderno,e da decadência que nele existe.
J.HELD- VALIUM-nesse nosso projeto de Dark Metal,certamente nossa maior influencia foi o Bethlehem,e algumas bandas de Funeral Doom que eu ouço com frequência. No momento estamos terminando as linhas de vocal do nosso ep chamado "NON IGNORAVI ME MORTALEN GENUISSE",e terminar também nosso primeiro álbum chamado "HORATES SUI CAEDERE",mas esse estamos até á um tempo sem trabalhar,mesmo porque tudo é lançado de forma independente,e não temos compromisso de datas á cumprir com ninguém.
J.HELD- HYPERBOREAN-eu formei esse projeto em ´99,em consequência da outra banda de BM qual eu fazia parte,as duas músicas da primeira demo "Le Grand Maître",foram compostas para fazer parte do repertório dessa banda(Agony of Souls),mas acabou por não se encaixar na proposta por assim dizer.Hoje em dia tem apenas 4 demos gravadas,a última delas estávamos até a ensaiar para uma possível apresentação ao vivo,mas por problemas com o ex baterista,acabou não acontecendo,a partir dessas frustrações acabei por criar o Ecce Hommo.
J.HELD- B.88-Meu projeto de RACWP,tratando de temas referentes ao Sul,de como um dia foi limpo e isento dessas doenças degenerativas que o apodrecem hoje em dia,vindas de outros estados,achando que aqui é "a terra dos sonhos"mas sem se dar a mínima conta de que se é assim hj foi graças ao trabalho de NOSSOS antepassados, e não de vagabundos que passam o dia dormindo em redes e só prestam pra fazer festa o ano todo,e sendo assim NUNCA SERÃO BEM VINDOS AQUI,com seus lixos sub-culturais,defendidos e exaltados,pela mídia sinárquica,tidos como exemplo de cidadania sócio econômico cultural,e não obstante assimilados por jovens brancos burros,que na maioria das vezes tem vergonha das suas próprias raízes,mas que não tem vergonha de se vestirem ,falarem e se comportarem como esses símios,que tiram onda de bandidinhos,ainda defendidos por hippies vagabundos de sandálias, pseudo-intelectuais que minam todos os meios de comunicação,universidades e por ai vai,com seus ideais humanitários de merda com seus discursinhos comunistas libertários,para que as pessoas se sensibilizem com a "minoria injustiçada" e tomem suas dores.
6)Metal Face- A banda esta atualmente sem baterista e desde sempre tocam sem baixo,isso é,a banda está atualmente composta por apenas duas pessoas,Newton(vocal)e Jean(guitarra).Estão à procura de um novo substituto para a batera ou como não irão mais tocar ao vivo,ficarão sem?Que rumo pretendem dar à banda?
J.HELD- Quanto à bateria, eu mesmo vou tocar, e como não faremos mais shows, não vai ser nenhum problema .Vamos apenas gravar nossas músicas e divulgar á algumas pessoas.Nós até chegamos a cogitar a idéia de arrumar alguém pra nos ajudar mais é complicado e muito trabalhoso,tendo em vista que temos outros afazeres tanto musicais com nossos outros projetos.É certo que essa situação vai acarretar algumas mudanças,e conseqüentemente nossa musicalidade pode distar do que já fizemos até hoje,mas posso dizer com total convicção que vai continuar a ser nossa forma peculiar de tocar nosso Aryan Metal.
7)Metal Face- Há projetos para gravação em estúdio de um ep?
J.HELD- Nós temos cinco musicas novas, estamos acertando uma detalhes,mas é provável que venhamos a gravar apenas três delas,e vai ser ensaio mesmo, muitas coisas mudaram em poucos meses, em decorrência disso teremos que nos adaptar com a nova situação,nada que atrapalhe meus meus planos com a E.H. Bom, na realidade nada que acontece ao meu redor interfere nos meus desígnios ideológicos e ou musicais.
8)Metal Face- Deixo agora o espaço para suas palavras finais.
J.HELD- Obrigado pelo convite à entrevista,e certamente pela força de tua parte,tanto para a H.M e conseqüentemente aos outros nossos projetos,foi ótimo através da mesma eu poder esclarecer algumas coisas sobre nossa música,e principalmente sobre as minhas singularidades ideológicas.
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